Gostaria de comentar com vocês Lucas 15:11-32, é algo muito conhecido mas analisaremos por uma perspectiva um pouco menos conhecida.
O Mestre sempre foi conhecido pelas parábolas que contava, e no capitulo 15 de Lucas relata-se três história diferentes mas em todas elas algo foi perdido.
Na primeira parábola conta-se a história da ovelha que estava perdida e foi encontrada. Já na segunda a moeda ( ou dracma) perdida que foi encontrada. E na terceira e ultima parábola deste capitulo a do filho prodigo, que também tinha se perdido e foi achado. Se bem analisarmos o final desta duas primeiras parábolas tudo termina em alegria, observe:
"E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. " (Lucas 15:6)
" E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida." (Lucas 15:9)
Mas na terceira parábola algo errado acontece....esta parábola também deveria terminar em alegria, e sim quando o filho prodigo retorna para casa, arrependido, o pai dele é o primeiro a alegrar-se:
"Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; (Lucas 15:22-23)
Mas adivinhem só quem não ficou nem um pouco alegre com a volta do seu irmão mais novo? Sim, o irmão mais velho. O seu irmão mais novo passou anos longe dele, sofreu ( é claro que foi por opção, já que ele que decidiu abandonar a sua casa) mas mesmo assim o seu irmão mais velho não deu a minima ao saber que o seu irmão mais novo tinha voltado.
" E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar (Lucas 15:25-28)
Sim, ele nem se deu ao luxo de entrar e ver o que estava acontecendo em casa, ele apenas perguntou ao servo o que estava acontecendo e não queria entrar.
Características da Síndrome do Filho Mais velho:
1- Sentimento crônico de ressentimento;
Naquela época o filho mais velho era sempre o responsável pelas festas, o pai apenas assistia o que ele tinha preparado, o filho mais velho era o mestre. E ao aproximar-se de casa e seu servo contar-lhe que havia uma festa, que ele deveria ter organizado, que ele seria o 'mestre'... o irmão mais velho ficou ressentido e nem quis entrar para reencontrar-se com o irmão. E lá vem aquele pai que tinha acabado de reencontrar seu filho perdido vendo-se na mesma situação novamente: perdendo seu filho mais velho mas, dessa vez o perdia para o ressentimento. Ele não entrou...e lá vem aquele pai pedir pra que seu filho entre para festejar mas ele preferiu insultar o seu pai deliberadamente. Era como se estivesse dizendo: "Comam, divirtam-se. Eu ficarei aqui na varanda mesmo, ressentido."
Muitos, mesmo sabendo que onde há ressentimento a graça não abunda, nem o amor, nem o perdão, preferem ficar na varanda, ressentidos. Você vai para a festa ou vai ficar na varanda?
2- Sentimento crônico de reclamação;
Quando o filho mais novo pediu a seu pai a herança ela ainda disse "Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence." o mais velho não...ele estava mais distante do pai do que o seu próprio irmão recém chegado, ele estava perdido e sem capacidade de amar. E o que acontece? Ele decide reclamar!
" Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; " (Lucas 15:29)
Já que o filho mais novo já tinha recebido a sua herança, o filho mais velho tinha o que restava. E era como se ele dissesse: "Você está usando o MEU bezerro para festejar a volta dele?" Ele foi dominado pelo espirito da reclamação. Você já parou pra pensar no quanto nós reclamamos de tudo e todos? Que tal fazermos um jejum da reclamação?
3- Sentimento crônico de julgamento
" Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado." (Lucas 15:30)
Não bastou ficar ressentido e reclamar, o filho mais velho também julgou o seu irmão mais novo. Julgou? Sim. Afinal, com ele sabia que o seu irmão tinha gastado os bens com meretrizes se ele ao menos entrou em casa para cumprimenta-lo? Talvez, se o filho mais velho tivesse pedido a herança ao pai, assim como seu irmão, ele teria feito isso: gastado os bens com meretrizes. Talvez esse fosse o desejo dele.
Julgar é quando falamos de algo, ou alguém sem compaixão, sem desejo de ajudar, sem lembrar-se do que a pessoa que julgamos enfrentou em seu passado.
E lá vem aquele pai amoroso apelar mais uma vez:
"E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;"Lucas 15:31
Diante de toda comunidade aquele pai assume a dor, a humilhação de um filho perdido e outro cego.
E no versículo 31 é como se aquele pai dissesse: "Filho, você não percebe que viver comigo, que estar comigo é o melhor que eu posso te dar? Se viver comigo não é suficiente nem mesmo todo o dinheiro do mundo te satisfará. Por tanto tempo eu sofri com a perda de um filho e agora quando ele volta eu perco outro?"
" e tinha-se perdido, e achou-se. " Lucas 15:32
Os ouvintes de Jesus estavam aguardando o parte final da história. E talvez se perguntassem: "O que o filho mais velho faz?" Mas sinto em informar: Cristo não terminou a história. Sabe por quê? Cada pessoa que ler e ouvir essa história deve criar um final para ela. Ou o filho mais velho fica amargurado e não torna a falar com seu pai ou ele se ajoelha e pede para ser aceito novamente; corre e abraça seu irmão...ele se anima, ri, chora mais do que todo mundo. Como a história termina? Termina como você escolher, como você decidir viver. E aí? Vai ficar na varanda ou na celebração junto ao Pai? A escolha é sua!
Que Deus esteja,
Gabi.
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